Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ): como tratar?

Dr. Ricardo Kirihara • 8 de abril de 2021
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A displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) é um distúrbio de desenvolvimento anormal do quadril resultando em instabilidade, subluxação e possível luxação do quadril devido à frouxidão capsular e fatores mecânicos.

No geral, a DDQ pode estar associada ao torcicolo muscular congênito (20%), metatarso aduto (10%) e a luxação congênita do joelho.

Acredita-se que a displasia aconteça devido a uma instabilidade inicial no quadril que pode ocorrer por frouxidão materna e fetal, frouxidão genética e mau posicionamento intrauterino e pós-natal. 

Assim, a deficiência típica ocorre no acetábulo anterior ou ântero lateral e leva à subluxação e ao deslocamento gradual do quadril.

A DDQ abrange um espectro de condições que inclui:

  • displasia: acetábulo raso ou subdesenvolvido;
  • subluxação: deslocamento da junta com algum contato remanescente entre as superfícies articulares;
  • luxação: deslocamento completo da articulação sem contato entre as superfícies articulares originais;
  • quadril teratológico:
  • deslocada no útero e é irredutível no exame neonatal;
  • apresenta-se como um pseudo acetábulo;
  • associado a condições neuromusculares e doenças genéticas;
  • comumente observada com artrogripose, mielomeningocele, síndrome de Larsen, Ehlers-Danlos.
  • displasia tardia (adolescente): quadril mecanicamente estável e reduzido, mas ainda assim displásico.

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Quais são as características dessa doença?

A displasia do desenvolvimento do quadril é o distúrbio ortopédico mais comum em recém-nascidos. Assim, sua incidência é de 1:100 e de deslocamento é de 1: 1000.

Além disso, a patologia é mais comum em mulheres (6:1), mais comumente vista em nativos americanos e lapões (devido às tradições culturais, como enfaixar os quadris juntos em extensão) e raramente vista em afro-americanos. 

No geral, o quadril esquerdo é o mais afetado (60% dos casos) devido à posição fetal intra uterina mais comum ser a occipital esquerda anterior (o quadril esquerdo é aduzido contra a coluna lombossacral da mãe).

Ademais, essa condição pode ocorrer nos dois lados do quadril em 20% dos casos.

O grau de afrouxamento do quadril ou instabilidade causados pela displasia varia entre as crianças, podendo ser:

Subluxável

Casos leves de DDQ onde a cabeça do fêmur é simplesmente solta no soquete. Durante um exame físico, o osso pode ser movido dentro do soquete, mas não deslocado;

Deslocável

Nestes casos, a cabeça do fêmur fica dentro do acetábulo, mas pode ser facilmente empurrada para fora do soquete durante um exame físico;

Deslocados

Nos casos mais graves de DDQ, a cabeça do fêmur está completamente fora do soquete.

Quais os fatores de risco para a displasia do desenvolvimento do quadril?

Diversos são os fatores de risco para o desenvolvimento desta patologia, por exemplo:

  • Primogênito: devido ao útero não esticado e estruturas abdominais tensas comprimindo o útero;
  • Sexo feminino: devido ao aumento da frouxidão ligamentar que existe transitoriamente como resultado dos hormônios maternos circulantes e dos estrogênios produzidos pelo útero fetal;
  • Posição fetal pélvica;
  • História familiar;
  • Oligoidrâmnio;
  • Macrossomia;
  • Enfaixamento.

Como a Displasia do Desenvolvimento do Quadril se apresenta?

A avaliação precoce com o pediatra ou com o ortopedista para a detecção da DDQ nos recém nascidos é muito importante, pois ela geralmente é indolor.

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Assim, através do exame físico o médico pode detectar sinais clínicos suspeitos e prosseguir com uma investigação por imagem, caso necessário. 

Todavia, na idade adulta a DDQ pode tornar-se dolorosa. Geralmente, a dor ocorre na virilha, podendo ocorrer também do lado de fora do quadril.

Além disso, pode haver sintomas mecânicos, por exemplo: alteração de comprimento do membro inferior, alteração na postura, mudança na posição do pé, alteração na marcha, bloqueios da articulação, falseios ou estalidos. 

Um outro ponto é que a DDQ é uma causa de artrose precoce, sendo ainda uma das indicações mais comuns de prótese total de quadril em adultos jovens.

Para o diagnóstico, utilizamos exames de imagem, como ultrassonografias e radiografias.  Isso porque, estes exames são úteis para avaliar o grau da doença, o que é essencial para guiar o tratamento. 

Como é o tratamento para a DDQ? Pode ser necessária cirurgia?

Na DDQ, quanto mais precoce for o diagnóstico e menor a gravidade da displasia, melhores serão as chances de um bom resultado.

Dessa maneira, o tratamento depende da idade e gravidade do caso.

Assim, no diagnóstico precoce, podemos usar órteses e suspensórios para corrigir casos mais leves.

Já em casos mais graves, o tratamento cirúrgico pode ser necessário.

Nesta fase, o tratamento tem como objetivo principal manter o quadril bem centralizado, corrigindo deformidades por meio de osteotomias (cortes nos ossos) do fêmur ou da bacia.

Já nos casos de diagnósticos tardios, o tratamento varia de acordo com o grau de deficiência de cobertura e artrose.

Então, o tratamento cirúrgico pode considerar osteotomias de correção ou colocação de prótese de quadril.

Quais as possíveis complicações?

Caso a displasia não seja devidamente tratada, pode trazer uma série de complicações, dentre elas:

  • Osteonecrose ou necrose avascular;
  • Recorrência após tratamento: aproximadamente 10% de recorrência, mesmo com tratamento apropriado;
  • Paralisia do nervo femoral transitória:  flexão excessiva durante uso de suspensório de Pavlik.

 

Dessa maneira, fica evidente a importância de diagnosticar e tratar a displasia precocemente.

Então, caso sinta dor ou alterações no seu quadril, procure um médico especialista para te auxiliar.  

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