O que é a fratura por estresse do fêmur e como proceder?

Dr. Ricardo Kirihara • 3 de junho de 2021
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A fratura por estresse do fêmur é uma condição que pode gerar grande impacto na qualidade de vida do paciente e merece atenção e tratamento adequados.

O fêmur é o maior osso do corpo humano e localiza-se na coxa. Basicamente, ele divide-se em cabeça do fêmur, colo do fêmur, trocanter maior e trocanter menor.

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Além disso, é o osso mais resistente, capaz de tolerar 30 vezes o peso do corpo, principalmente durante as atividades que podem triplicar este peso no osso, como corridas e saltos. 

Na parte superior do fêmur se encontra a cabeça femoral, que articula com a bacia (acetábulo) e a parte inferior forma a articulação do joelho com a tíbia e a patela.   

Por ser o maior osso do corpo, têm diversas origens e inserções musculares, o que o torna sujeito a apresentar lesões e fraturas por estresse em vários locais. 

Assim, nesse artigo vamos explicar um pouco mais sobre estas lesões.

O que são as lesões e a fratura por estresse do fêmur?

As lesões por estresse do fêmur denotam comprometimento estrutural gradual devido à sobrecarga de treinamento que leva a um desequilíbrio entre a reabsorção óssea e a formação óssea. 

Isso pode ocorrer pela distribuição de forças no local da lesão, como por exemplo, um excesso da força de peso ou da força de tração dos tendões. Como consequência, temos uma fadiga mecânica e, assim, essas lesões são associadas ao aumento de atividade física, mudança de padrão de treino ou introdução de atividades novas. 

Já a fratura por estresse do fêmur geralmente começa em locais de grande estresse. Então, se essa rachadura microscópica não for capaz de cicatrizar e sofrer mais cargas, o microdano aumentará e, consequentemente, a rachadura também.

Dessa maneira, esse aumento no dano pode fazer com que o osso se quebre em nível macroscópico. Essas fraturas por estresse podem ser incompletas ou completas e não desviadas ou desviadas. 

No geral, as fraturas de estresse são comuns em corredores e as mulheres atletas têm 10 vezes mais chance de desenvolvê-las. 

Inclusive, existe uma condição conhecida como tríade da mulher atleta que abrange: transtorno alimentar, amenorréia e osteoporose.

Então, as alterações alimentares podem influir no balanço energético, no ciclo menstrual e no trofismo muscular, enquanto que as alterações hormonais prejudicam a mineralização óssea levando a osteoporose e aumentando o risco de fratura de estresse.

Quais os fatores de risco para as lesões por estresse do fêmur?

Podemos dizer que os principais fatores de risco para este tipo de lesão ou fratura são os seguintes: 

  • Treinamento de alta intensidade;
  • Corredores recreativos;
  • Esportes em geral;
  • Nutrição deficiente e atividades de estilo de vida;
  • Vitamina D baixa;
  • Tríade de atletas femininas;
  • Mudança de superfícies;
  • Desequilíbrio biomecânico (por exemplo, comprimento da perna, arco do pé, varo do antepé, postura do pé e tornozelo).

Quais os tipos de fratura de estresse no fêmur? 

As fraturas de estresse no fêmur geralmente ocorrem no colo femoral ou na diáfise do fêmur.

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Assim, a fraturas do colo do fêmur representam aproximadamente 11% das lesões por estresse em atletas e as fraturas por estresse da diáfise do fêmur representaram 22,5% de todas as fraturas por estresse. 

No geral, as fraturas do colo do fêmur são consideradas mais graves e com maior risco para complicações, principalmente as completas e desviadas. Já as fraturas por estresse da diáfise do fêmur são de menor risco. 

No entanto, ambas acabam sendo de grande impacto na vida dos pacientes, pois parte do tratamento gira em torno do repouso, sendo essencial o afastamento das atividades físicas. 

Quais os sinais e sintomas destas fraturas?

Conhecer os sintomas das fraturas por estresse do fêmur é importante para procurar auxílio médico assim que senti-los. Podemos citar os principais: 

  • Dor local e edema;
  • Piora da dor com carga; 
  • Dor à palpação localizada;
  • Marcha antálgica;
  • Amplitude de movimento passiva e ativa dolorosa e limitada de quadril; 
  • A dor aumenta durante a atividade;
  • Dor na virilha;
  • Edema de medula óssea.

Assim, será essencial procurar um profissional especializado ao sentir estes desconfortos de modo a fazer o devido diagnóstico.

Como é feito o diagnóstico?

Além da história e exame físico do paciente, podemos solicitar exames de imagem, como a radiografia simples, cintilografia óssea e ressonância nuclear magnética.

Frequentemente, os raios X não detectam essas lesões. Então, na grande maioria das vezes, são necessários outros exames. 

Além disso, os principais diagnósticos diferenciais são patologias musculares e tendíneas, como por exemplo: tendinites, avulsões ou lesões tendíneas, distensões e lesões musculares. 

Existe tratamento não cirúrgico para a fratura de estresse do fêmur? 

Se adotarmos o tratamento não cirúrgico, o paciente deverá usar muletas para evitar apoiar o peso no membro até que esteja completamente livre da dor. 

Normalmente, isso leva de 8 a 12 semanas e, durante esse tempo, aumentaremos a sustentação de peso no membro lesionado progressivamente, conforme a dor permitir.

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Costumamos iniciar as atividades de maneira gradativa, em torno de 12 semanas, com foco específico em exercícios de fortalecimento e amplitude de movimento do quadril.

Além disso, o paciente pode começar com um programa de corrida suave, no plano, que deve ser aumentado em intensidade por 6 a 8 semanas, garantindo que ele permaneça sem dor o tempo todo.

Já a atividade atlética mais intensa deve ser iniciada somente quando houver evidências claras de consolidação da fratura, tanto radiológica quanto clinicamente. 

Dessa maneira, costumamos alcançar o retorno ao esporte completo entre 3 a 6 meses após a lesão, embora isso possa levar até um ano, se não mais.

Em alguns casos, o tempo do processo de recuperação pode ser diminuído com o tratamento de ondas de choque

Como é a cirurgia para tratar estas fraturas?

Geralmente,  as fraturas de estresse no colo do fêmur tendem a ser mais cirúrgicas devido o alto risco de complicações. 

Todavia, também indicamos as fixações das fraturas nos casos em que houver fraturas completas e deslocadas, ou para as que apresentam maior risco de deslocamento. 

Em geral, a cirurgia envolve a fixação com material de osteossíntese.  Fazemos essa cirurgia através de uma pequena incisão lateral do quadril com auxílio de uma máquina de raio x, que permite a colocação do material na posição adequada. 

Os procedimentos cirúrgicos tendem a ocorrer com anestesia de bloqueio e têm duração média de aproximadamente uma hora.

Além disso, o paciente costuma receber alta entre um a dois dias de internação. Geralmente, no dia seguinte da cirurgia já liberamos a carga parcial no membro operado. 

Portanto, a tendência é de que, com o procedimento cirúrgico, o tempo de recuperação do paciente seja mais rápido. 

Assim, ele poderá progredir com a reabilitação, pulando o período de repouso necessário no tratamento conservador e podendo ter o retorno de atividade mais precoce. 

Existe alguma forma de prevenir estas fraturas?

Para evitar fraturas por estresse femoral alguns pontos podem ser importantes:

  • Preparo do corpo para as atividades;
  • Orientação de profissional para as atividades;
  • Estudo biomecânico;
  • Planejamento dos treinamentos, por exemplo, evitando sobrecargas e mudanças intensas dentro das atividades;
  • Uso de utensílios adequados, como tênis ou palmilhas;
  • Suplementação com cálcio e vitamina D.

 

Caso você tenha dúvidas sobre o assunto ou venha sentindo incômodos no quadril, não deixe de procurar um ortopedista o quanto antes.

Somente assim você poderá iniciar o tratamento adequado e recuperar sua qualidade de vida!

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